Everaldo Cruz
Tema de diversos programas da
televisão brasileira e caracterizado pela figura de um espertalhão que tendo
oportunidade sempre por meio de suborno, favorzinho, segredo descoberto em que
o silêncio valia ouro, tudo para levar vantagem chamado jeitinho brasileiro,
isso foi incorporado ao dia a dia do brasileiro no gato para não pagar a conta
de luz, cola para tirar uma nota boa, balança adulterada para ganhar no peso
dos produtos comercializados, sonegação de impostos, injeção de água em baixo
da asa do frango congelado, enfim, são tantos os meios que inventaram de levar
vantagem que esses rabiscados não possibilitariam me alongar. Em 1910 o
estadista francês Georges Clemenceau declarava sua perplexidade pelos níveis da
corrupção em Buenos Aires: “a economia da Argentina só cresce porque de noite
os políticos e empresários estão dormindo e não podem roubar”. A corrupção
assola o mundo, os brasileiros encontram-se no limite da tolerância, a internet
democratizou a informação, a pressão popular nas ruas obrigou os veículos de
comunicação a publicarem informações mesmo que não sejam de seu gosto algo que
não ocorria, quando foram financiados pelo Regime Militar, para justifica o
golpe de 1964, apresentar o Brasil em desenvolvimento, encobrindo crimes e endividamento
do País com os Bancos internacionais que bancaram o Golpe Militar.
Em 15 de março de 1985 os jornais
estampavam: “A democracia venceu a ditadura!” Se “caso existisse
facebook, todos se perguntariam: será Mesmo?” O primeiro presidente eleito
morreu antes de assumir. Seu vice tornou-se presidente e após seus quatro anos,
os veículos de comunicação em massa criados para manipular a mente do povo
testaram sua força, precisavam de alguém para fazer o lado impopular da
instabilidade econômica do País. Apresentaram ao Brasil um Governador jovem,
rico, hereditário e o tornaram famoso por acabar com os marajás em seu governo.
Os jornais estampavam matérias nas capas envolvendo os escândalos de funcionários
públicos marajás. Santa coincidência o candidato apresentado tornou-se
Presidente e como seu primeiro ato acabou com os verdadeiros marajás, os ricos,
que viviam dos juros de suas aplicações, reduzindo o desenvolvimento do País.
Esse foi o pontapé inicial para o “plano real”. O segundo teste dos veículos
de comunicação em massa foi colocado em prática: as emissoras começaram a
apresentar uma série de escândalos envolvendo o presidente. E santa coincidência
ele perdeu seu mandato e foi inocentado na justiça comum. Seu vice assumiu a
presidência e a paternidade do plano real. Democrata, respeitou a Constituição
e apontou a presidente, seu Ministro da Economia.
Eleito, mudou a Constituição para
permitir a reeleição em uma manobra suspeita, envolveu-se em vários escândalos
nunca investigados. Foi primeiro Presidente reeleito. Tudo com apoio da comunicação
de massa do País. O tempo passou, o povo tornou-se mais independente e
aconteceu o indesejável: um torneiro mecânico tornou-se Presidente. O mensalão
iniciado em Minas Gerais foi copiado de forma criminosa, imitando a manobra da
reeleição comum em muitas Câmaras e Assembleias Legislativas de Estados e
Municípios. O caso foi amplamente divulgado em ano eleitoral, mesmo assim foi
reeleito o torneiro mecânico. Diante de suposições de um terceiro mandato,
optou em indicar uma mulher a qual nunca havia concorrido a cargo político.
Eleita, como primeira presidenta do Brasil, seus quatro anos foram marcados na
mídia: marcados pelo julgamento, condenação e prisão dos membros do seu
partido. A candidatura à reeleição foi acirrada e em meio a investigação pelo
Ministério Público, CPI no Senado e Polícia Federal, no escândalo envolvendo a
PETROBAS, tudo amplamente divulgado no fim de semana que antecedia a eleição.
Uma revista “de comunicação em massa” publicou matéria que envolvia seu
nome, de seu antecessor e padrinho politico, mas mesmo diante de tudo isso, foi
reeleita. O resultado eleitora foi apresentado em um mapa do Brasil dividido em
azul e vermelho! Em resposta as redes sociais iniciaram uma verdadeira divisão do
Brasil incluído alguns personagens famosos. Alguns resultados podem ser
observados: emissoras mudaram suas programações, incluído mais jornalismo e
focando na corrupção, ou o famoso jeitinho Brasileiro aprimorado ao longo do
tempo.
Senhores: a contextualização foi
realizada no intuito de propor uma reflexão do momento em que vivemos. Sou
reflexo dessa mensagem maldita que dizia que levar vantagem era bom, para fazer
correto. Certinho era careta, bobão, babaca. “Sou a favor da transparência e
da investigação dos atos de corrupção”, mas vocês imaginem, a
telecomunicação do Brasil pretendia o que dividindo o mapa brasileiro no fim da
eleição com duas cores? Seria propor uma divisão territorial do País? Foi sem
querer? Descuido? Alguém ouviu algum pedido de desculpas? Por que não
informaram que mesmo perdendo no Sul e Sudeste a cor vermelha obteve nessas regiões
mais votos que no norte e nordeste? Por que não divulgaram somente os gráficos
eleitorais por região? Queridos: o País esta mudando, reflitam sobre os fatos,
independentemente dos comentaristas e emissoras de televisão, não podemos achar
errado algo na administração do País e concordar com as mesmas ou piores práticas
nos Estados e Municípios. Isso é hipocrisia, subserviência e acomodação.
Sejamos críticos, mas em tudo!
Termino este artigo homenageando
os corruptos e hipócritas com a frase de Millôr Fernandes: “Há pessoas que
ao morrerem podem até nos fazer chorar, mais vivas nos fazem chorar ainda
mais.”
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