Paulo Antônio
Eu estava no Mercado do Bairro de
Santo Antônio – pra comprar peixe, quando apareceu um conhecido meu e falou o
meu nome em alta voz: “Ei Paulo Antônio, eu gostei muito daquela matéria que tu
fizeste do professor Joãozinho sobre os lápis encalhados do Turiba. Eu não
perco nenhum sábado de comprar o jornal o Candiru. Eu li todas as histórias que
tu fizeste dos amigos do bairro da Colônia.”
E nessa hora chegou perto de mim
um cidadão e falou assim: “Prazer em te conhecer!” E perguntou se eu podia
falar com ele em particular. Eu disse que não tinha problema. Aí nós fomos pra
frente da Drogaria que fica em frente do mercado. Ele falou: “Senhor não se
assuste, eu só quero lhe agradecer pela sua matéria que você fez sobre o
professor Joãozinho no jornal o Candiru, porque essa matéria que você fez do
professor Joãozinho me fez chorar. Porque chorei? Porque me lembrei do que ele
fez por mim, na minha juventude, se não fosse ele hoje eu não estaria onde
estou. Ele me ajudou muito nos meus estudos, na minha juventude. Na faixa dos 9
a 10 anos, eu não me lembro muito, eu era de família pobre, morava com os meus
pais na casa da minha avó que era coberta de palha e eu dormia no chão em cima
de uma saca de sarrapilha. Quando amanhecia , minha mãe fazia o chá de capim
santo pra gente tomar com pão torrado que o finado velho Américo dava pra nós.
Aí eu pegava a minha caixa de isopor e ia no Manel Lelé pra pegar picolé pra
vender pra ajudar meus pais. Eu vendia no Mercado central do barro da Colônia e
Jauary. Quando eu fui para o colégio estudar, eu olhava pros meus colegas,
todos estavam bem vestidos e eu com uma camisa toda remendada, assim como o
calção e os pés descalços. Foi aí que apareceu o professor Joãozinho na minha
frente e falou pra mim: “Você quer estudar de verdade? Aí eu falei pra ele: “O
meu pai e minha mãe disse pra mim que se eu não estudar, eu vou ser um burro de
carga.” Aí o professor olhou pra mim e falou: “Você não vai ser um burro de
carga porque eu vou te ajudar , você vai ser um doutor ou um advogado.” E eu
agradeço ao professor Joãozinho. Hoje eu tenho um bom salário e moro em Manaus,
graças a Deus e ao professor Joãozinho, eu tenho um lar de primeira qualidade.
Na época, meus pais não tinham como comprar caderno pra mim, o finado velho
Américo, me dava umas folhas de papel de embrulho que era o meu caderno de
todos os dias.”
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